Terra
A advogada
Ana Lúcia Assad, que representa Lindemberg Alvez Fernandes, acusado de matar a
estudante Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, disse no início da tarde desta
segunda-feira que a sociedade é corresponsável pela tragédia, ocorrida em 2008.
Em rápida entrevista durante o intervalo do julgamento do caso, que acontece no
Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, a advogada afirmou ainda que o réu
quebrará o silêncio e falará pela primeira vez nesta segunda-feira sobre o
caso.
Ele falará
hoje a verdade. Ele vai dar a versão que ele ainda não teve a oportunidade de
falar, disse a advogada. Desde que o caso ocorreu, em outubro de 2008, Lindemberg
se manteve em silêncio.
Todos, no
meu ponto de vista, são corresponsáveis (pela tragédia). Inclusive a sociedade,
afirmou. A declaração é uma referência sobretudo aos negociadores do Gate
(Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, e à imprensa. A tese da
defesa, demonstrada ao longo de mais de uma hora e meia, de reportagens de TV
exibidas aos sete jurados pela manhã, é de que a PM errou durante as
negociações pela libertação de Eloá e da amiga Nayara Rodrigues, baleada no
rosto. Além disso, os vídeos traziam críticas à cobertura jornalística que,
para a defesa, colaborou para prolongar o cárcere privado.
À tarde, a
defesa quer exibir pelo menos mais uma hora e meia de reportagens de TV que
retrataram o caso. Segundo a advogada, essa não é uma estratégia para cansar os
jurados.
Segundo Ana
Lúcia, Lindemberg está em paz, focado e sereno. A advogada voltou a reforçar
que o acusado não é perigoso, não tem antecedentes criminais.
Troca de
testemunhas
A advogada
ainda negou ter ameaçado abandonar o julgamento pela manhã, conforme disse à
imprensa o advogado da família de Eloá, José Beraldo, assistente de acusação.
Isso é mentira, disse.
Ela afirmou
ainda ter ficado satisfeita com o fato de a juíza Milena Dias ter aceitado a
inclusão da mãe e do irmão de Eloá, Ana Cristina e Douglas, como testemunhas de
defesa. Para Ana Lúcia, isso ajudará a esclarecer a verdade.
Ao todo, 19
testemunhas, sendo cinco de acusação e 14 de defesa foram convocadas. Porém,
quatro testemunhas foram dispensadas pelos advogados de Lindemberg: os
jornalistas Roberto Cabrini (SBT), Sônia Abrão (Rede TV!), Reinaldo Gotino
(Record) e o perito Ricardo Molina. Além deles, a defesa pediu para substituir
duas testemunhas: foram dispensados o perito Nelson Gonçalves e a jornalista
Ana Paula Neves (Record), para que a mãe e o irmão de Eloá, Ana Cristina e
Douglas, fossem ouvidos. A promotoria discordou da troca.
Durante a
exibição dos vídeos, Lindemberg não demonstrou nenhuma reação, mantendo a
cabeça erguida e as mãos fechadas. Logo no início da sessão, a pedido da
defesa, a juíza Milena Dias autorizou que fossem retiradas as algemas,
contrariando a recomendação da promotora Daniela Hashimoto. A escolta policial,
porém, não foi dispensada e, ao lado do acusado, dois policiais militares permanecem
em pé.
O mais longo
cárcere de SP
A estudante
Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser
baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na
Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel
para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado
Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado
de São Paulo.
Armado e inconformado
com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro,
rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de
Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados
pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas
retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg.
Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e
voltou a ser feita refém.
Mesmo com o
aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da
tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um
disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia,
Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara
no rosto. A Justiça decidiu; levá-lo a júri popular.
Fonte:
http://jurisway.jusbrasil.com.br/noticias/3021280/advogada-lindemberg-quebrara-silencio-de-3-anos-sobre-caso
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