Os
projetos de lei a serem propostos pela Subcomissão Especial de Crimes e Penas
também serão analisados pelo grupo de juristas do Senado que discute a reforma
do Código Penal
(Decreto-lei 2.848/40). A
informação é do relator da subcomissão, deputado Alessandro Molon (PT-RJ). Ele
participou da reunião dos juristas na sexta-feira (4) e avaliou que a parceria
entre Câmara e Senado vai dar agilidade à tramitação das propostas.
Tudo
o que for proposto na Câmara será revisto no Senado e vice-versa. Então, para
evitar que a gente perca tempo, por que não dialogar antes da apresentação dos
projetos, ganhar tempo e, portanto, fazer mais justiça?, declarou Molon.
O
presidente da comissão de juristas, ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), assegurou que o trabalho conjunto também ajudará na revisão
do Código Penal.
Evidentemente que o grupo de juristas tem uma amplitude maior do que a
subcomissão, mas se tivermos o entrosamento entre as duas, certamente o
processo legislativo será facilitado, disse o ministro.
A
subcomissão de crimes e penas, que integra a Comissão de Constituição
e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, discute desde agosto a criação de uma
proposta que diminua a distorção existente na lei penal atual, que prevê penas
muito duras para crimes leves e punição branda para infrações hoje consideradas
graves. Não é razoável, por exemplo, que quem falsifique cosmético receba uma
pena mínima de dez anos, se a pena mínima de homicídio é de seis anos. Não pode
ser mais grave falsificar um cosmético do que matar uma pessoa, criticou Molon.
Comoção
O relator da subcomissão avaliou que as distorções entre as penas previstas na legislação penal foram criadas por leis aprovadas para dar resposta à comoção social em relação a algum crime de grande repercussão, sem que isso seja de fato eficiente.
O relator da subcomissão avaliou que as distorções entre as penas previstas na legislação penal foram criadas por leis aprovadas para dar resposta à comoção social em relação a algum crime de grande repercussão, sem que isso seja de fato eficiente.
Molon
citou que, entre os 350 projetos em análise pela subcomissão, está um que
pretende aumentar a pena de quem sequestrar uma criança para criar como sua,
apresentado como resposta a um episódio famoso em 2002 - o sequestro do menino
Pedrinho, em Brasília. Mas, segundo o deputado, a proposta, se aprovada,
tornaria a pena desse caso maior do que a aplicada para quem tenta vender uma
criança.
A
história tem mostrado que a legislação sob emoção tem feito muito mal para o
Brasil. Simplesmente aumentar as penas dos crimes após uma grande repercussão
desequilibra a proporção que deve existir no Código Penal,
destacou. Por isso, ele defendeu que a mudança nos crimes e penas só seja
possível por meio de lei complementar, que requer maioria absoluta dos
deputados e senadores. Essa proposta também tem o apoio do jurista Rene Dotti,
integrante da comissão do Senado. Hoje, temos uma legislação fragmentada, por
conta do Direito Penal de ocasião, disse.
A
subcomissão de crimes e penas ainda vai realizar quatro seminários antes da
apresentação do relatório final. Já estão previstos eventos em Recife, Curitiba
e Brasília.
Fonte:
http://asmego.jusbrasil.com.br/noticias/2914287/relatorio-sobre-crimes-e-penas-sera-analisado-por-comissao-de-juristas
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