A menos de 10 dias do
julgamento do caso do goleiro Bruno, é possível notar que começam a serem
veiculadas na mídia muitas reportagens e notícias tendenciosas sobre o caso, com
a intenção clara de simplesmente trazer a tona toda a repercussão inicialmente gerada,
tentando provocar nas pessoas justamente o sentimento de revolta e indignação
que se viu no início das investigações.
Ontem no fantástico tivemos a
possibilidade de assistir mais uma dessas reportagens, vimos cenas do filho da Eliza
Samudio, “Bruninho”, jogando bola, assim como sua mãe chorando, dentre muitas
imagens da vítima, enfim, são situações que já começam a repercutir na cabeça de
cada um dos julgadores que irão compor o conselho de sentença.
Cada um desses julgadores, já
esta sendo bombardeado com notícias sensacionalistas, ou mesmo com muitas
repetições de reportagens da época, que muito pouco ou quase nada podem
contribuir para o deslinde do processo, e pelo contrário só fazem é tornar mais
difícil que no caso haja de fato um fato conduzir para um julgamento justo.
Normalmente se diz é que a justiça
no Brasil é lenta, e isso não esta de todo errado, mas deve-se ressaltar apenas
que ela anda muito bem naqueles casos onde a mídia “determina” seu curso, isso
não é visto de forma isolada, apenas como exemplo pode-se chamar atenção para o
caso dos Nardones, Lindembergue e em muitos outros, a velocidade da justiça em
muitos casos é ditada pela mídia, e pelo jogo de interesse que é feito sobre o
caso.
Recentemente caso que foi
posto para apreciação do Tribunal Popular
Do Júri foi o homicídio praticado contra o coronel Ubiratram, conhecido
pelo massacre do Carandiru, que foi morto em 2006. Notem que foi ele cometido muito
antes da possível morte da Eliza Samudio, e nem por isso foi julgado com a
mesma velocidade. Na verdade a falta de velocidade é clara, e verdade seja dita
também não se viu nesse caso, antes do julgamento, alardes como já se começa a
ver no caso Bruno. Curiosidade talvez, mas fato é que a ré acusada de matar o
coronel foi absolvida das acusações que pairava sobre seus ombros.
Considerando o caso Bruno, que
a propósito vem curiosamente sendo tratado pela mídia como “ex-goleiro”, de
modo que não é comum ver denominações desse tipo para as pessoas que estão presas,
ainda mais sobre aquelas que estão presas provisoriamente ou cautelarmente, mas
importa dizer que com a mesma velocidade reportada dos casos Nardones e Eloá, este
também esta caminhando para seu desfecho final com uma velocidade que se
comparada com a vista em casos semelhantes é de se questionar o motivo dessa
diferença.
Muitos outros casos que
deveriam estar tramitando com mesma velocidade, vêm por outro lado sendo a cada
dia deixados no esquecimento, principalmente no esquecimento social. A pergunta
que se faz é por quê? Por que casos semelhantes são tratados de forma
diferentes?
Claro que muitas podem ser as
respostas, pois muitos são os percalços de um processo, mas com certeza ter o
caso de um processo na boca da mídia, isso certamente fará com que o caso seja julgado
o mais rápido possível. A única pergunta que a mídia faz é a seguinte: quantos
pontos atingirão com essa notícia?
A sociedade, e principalmente aqueles
que exercem a função de jurados, não devem aceitar serem influenciados por tudo
que a mídia escolhe mostrar. Não é demais lembrar do grotesco caso da Escola
Base de São Paulo, onde os donos da referida escola foram execrados pela mídia e
por consequência por toda a sociedade como sendo eles autores de uma séries de
agressões sexuais cometidas contra alunos, onde mais tarde se descobriu que
nada havia sido feito. Ocorre que isso veio tarde de mais, pois quando
verificada a inocência deles o estrago já havia sido feito.
Só completando o caso da
escola base, foi considerado o maior erro da década de 1990. As reportagens
ainda estão disponíveis nos seguintes links:
Não se faz aqui defesa para nenhum
dos réus do caso Eliza Samudio, mas fica apenas o desejo que sejam eles
julgados por aquilo que de fato esta no processo, e não por tudo que antes mesmo
da audiência já esta sendo dito e confirmado principalmente na TV.
Provavelmente esse será mais
um daqueles casos, onde as muitas equipes jornalísticas fazem da frente do
fórum um verdadeiro camping, prostrados na frente transmitindo cada gesto e
palavra que podem gerar discussão ou induzir qualquer fala ou explicação.
Só nos resta esperar para ver
o que se verá de todo esse desenrolar, muito embora já seja possível prever.
Artigos referendados:
Adorei o blog, e a ideia do sorteio, podia dar sorte e ganhar para estudar para a 2ª fase da OAB *-* KKKK
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