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“O Direito Penal tem cheiro, cor, raça, classe social; enfim, há um grupo de escolhidos, sobre os quais haverá a manifestação da força do Estado.” (Rogério Greco – Direito Penal do Equilíbrio)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A MÍDIA É FEROZ E NÃO PERDE A CHANCE DE CONDENAR MAIS UM

Fabricio da Mata Corrêa



A menos de 10 dias do julgamento do caso do goleiro Bruno, é possível notar que começam a serem veiculadas na mídia muitas reportagens e notícias tendenciosas sobre o caso, com a intenção clara de simplesmente trazer a tona toda a repercussão inicialmente gerada, tentando provocar nas pessoas justamente o sentimento de revolta e indignação que se viu no início das investigações.

Ontem no fantástico tivemos a possibilidade de assistir mais uma dessas reportagens, vimos cenas do filho da Eliza Samudio, “Bruninho”, jogando bola, assim como sua mãe chorando, dentre muitas imagens da vítima, enfim, são situações que já começam a repercutir na cabeça de cada um dos julgadores que irão compor o conselho de sentença. 

Cada um desses julgadores, já esta sendo bombardeado com notícias sensacionalistas, ou mesmo com muitas repetições de reportagens da época, que muito pouco ou quase nada podem contribuir para o deslinde do processo, e pelo contrário só fazem é tornar mais difícil que no caso haja de fato um fato conduzir para um julgamento justo.

Normalmente se diz é que a justiça no Brasil é lenta, e isso não esta de todo errado, mas deve-se ressaltar apenas que ela anda muito bem naqueles casos onde a mídia “determina” seu curso, isso não é visto de forma isolada, apenas como exemplo pode-se chamar atenção para o caso dos Nardones, Lindembergue e em muitos outros, a velocidade da justiça em muitos casos é ditada pela mídia, e pelo jogo de interesse que é feito sobre o caso. 

Recentemente caso que foi posto para apreciação do Tribunal Popular Do Júri foi o homicídio praticado contra o coronel Ubiratram, conhecido pelo massacre do Carandiru, que foi morto em 2006. Notem que foi ele cometido muito antes da possível morte da Eliza Samudio, e nem por isso foi julgado com a mesma velocidade. Na verdade a falta de velocidade é clara, e verdade seja dita também não se viu nesse caso, antes do julgamento, alardes como já se começa a ver no caso Bruno. Curiosidade talvez, mas fato é que a ré acusada de matar o coronel foi absolvida das acusações que pairava sobre seus ombros.

Considerando o caso Bruno, que a propósito vem curiosamente sendo tratado pela mídia como “ex-goleiro”, de modo que não é comum ver denominações desse tipo para as pessoas que estão presas, ainda mais sobre aquelas que estão presas provisoriamente ou cautelarmente, mas importa dizer que com a mesma velocidade reportada dos casos Nardones e Eloá, este também esta caminhando para seu desfecho final com uma velocidade que se comparada com a vista em casos semelhantes é de se questionar o motivo dessa diferença.

Muitos outros casos que deveriam estar tramitando com mesma velocidade, vêm por outro lado sendo a cada dia deixados no esquecimento, principalmente no esquecimento social. A pergunta que se faz é por quê? Por que casos semelhantes são tratados de forma diferentes?

Claro que muitas podem ser as respostas, pois muitos são os percalços de um processo, mas com certeza ter o caso de um processo na boca da mídia, isso certamente fará com que o caso seja julgado o mais rápido possível. A única pergunta que a mídia faz é a seguinte: quantos pontos atingirão com essa notícia?

A sociedade, e principalmente aqueles que exercem a função de jurados, não devem aceitar serem influenciados por tudo que a mídia escolhe mostrar. Não é demais lembrar do grotesco caso da Escola Base de São Paulo, onde os donos da referida escola foram execrados pela mídia e por consequência por toda a sociedade como sendo eles autores de uma séries de agressões sexuais cometidas contra alunos, onde mais tarde se descobriu que nada havia sido feito. Ocorre que isso veio tarde de mais, pois quando verificada a inocência deles o estrago já havia sido feito.

Só completando o caso da escola base, foi considerado o maior erro da década de 1990. As reportagens ainda estão disponíveis nos seguintes links:







Não se faz aqui defesa para nenhum dos réus do caso Eliza Samudio, mas fica apenas o desejo que sejam eles julgados por aquilo que de fato esta no processo, e não por tudo que antes mesmo da audiência já esta sendo dito e confirmado principalmente na TV.

Provavelmente esse será mais um daqueles casos, onde as muitas equipes jornalísticas fazem da frente do fórum um verdadeiro camping, prostrados na frente transmitindo cada gesto e palavra que podem gerar discussão ou induzir qualquer fala ou explicação. 

Só nos resta esperar para ver o que se verá de todo esse desenrolar, muito embora já seja possível prever.

Artigos referendados:

Um comentário:

  1. Adorei o blog, e a ideia do sorteio, podia dar sorte e ganhar para estudar para a 2ª fase da OAB *-* KKKK

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